Brazil
August 6, 2010
Soja, algodão, mandioca, batata-doce, melão, tomate e pepino. Culturas diferentes, mas com um inimigo em comum, que a cientistas lutam para enfrentar. Tratam-se dos begomovírus (também conhecidos como geminivírus), um grupo de vírus que não respeita fronteiras e causa danos devastadores em todo o mundo. Eles infectam plantas de mandioca na África e de algodão na Ásia. No Brasil, causam grandes prejuízos às culturas do feijão e do tomate. Mas uma rede de pesquisa formada pela Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas-BA), Embrapa Soja (Londrina-PR), Embrapa Algodão (Campina Grande-PB) e Embrapa Trigo (Passo Fundo-RS) está buscando formas para reduzir os impactos que esses vírus podem causar no País.
O projeto, que conta também com a participação da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Universidade de Brasília (UnB), foi o vencedor do prêmio de excelência da Embrapa na categoria Criatividade. “A idéia principal desse projeto é antever os potenciais problemas e elaborar estratégias para diminuir os riscos da ocorrência de epidemias nas culturas. Caso isso seja possível, a economia em recursos por evitar a ocorrência epidemias sérias de begomovírus é incalculável”, afirma a coordenadora do projeto, a pesquisadora Alice Nagata, da Embrapa Hortaliças.
Isso é feito a partir da identificação dos diferentes tipos de begomovírus encontrados no Brasil e comparação com aqueles do exterior. Desvendar o DNA desses seres microscópicos e catalogar sua diversidade genética são os principais objetivos do projeto. Alice Nagata explica que o esforço para catalogar a identidade genética desses vírus é dividido em dois grupos: o primeiro, constituído pelas culturas que já são atacadas no Brasil, casos de tomate e plantas daninhas. O segundo é formado por plantas como batata-doce, algodão, soja, pepino, melão e mandioca, que sofrem ataques de espécies distintas de begomovírus no exterior, mas que ainda não foram relatadas em território nacional.
No caso da detecção de espécies de begonovírus exóticas, que não estão presentes no País, a rede de pesquisa vai contribuir para possibilitar a erradicação do foco do vírus. “O primeiro relato dos begomovírus em plantas de algodão e mandioca, por exemplo, servirá como um alerta para que medidas imediatas possam ser tomadas em vários níveis”, esclarece a pesquisadora.
Entre as medidas, ela destaca o controle das moscas-brancas, que é o vetor desse tipo de vírus, a incineração das plantas infectadas e a restrição de transporte de mudas de áreas com histórico de presença desses begomovírus. Para os vírus nativos do Brasil, a pesquisa pode acelerar o desenvolvimento de novas plantas com resistência aos begomovírus, além de contribuir para a elaboração de medidas de controle, como o vazio fitossanitário (época sem a cultura), a eliminação de fontes de vírus e o controle sistematizado da mosca-branca.