A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a BASF estão comemorando 25 anos do início do desenvolvimento conjunto de soluções tecnológicas para a agropecuária. Dirigentes das duas instituições de pesquisa reuniram lideranças do setor agrícola nesta terça (1) na sede da Embrapa, em Brasília (DF), para apresentar o histórico da parceria e discutir possibilidades de pesquisas futuras. Desde 1991, quando as duas gigantes da pesquisa uniram esforços para estudar microorganismos bioativos, foram celebrados 134 contratos e geradas inovações como o Sistema de Produção Cultivance®, software Acha, e o arranjo Manejo Sustentável das moscas das frutas no Brasil.

 

Desde a modernização do modelo de governança, em 2011, 43 novos projetos em parceria foram iniciados, o equivalente a 32% dos contratos estabelecidos nos 25 anos de parceria da Embrapa com a BASF. Ao longo destas duas décadas e meia, a parceria também evoluiu para acompanhar as novas demandas do agronegócio brasileiro, setor da economia que mais cresceu no período. Enquanto em 1991, o agronegócio brasileiro exportou 12,4 bilhões de dólares, entre janeiro e setembro de 2016, o agronegócio já contribuiu com 67,3 bilhões de dólares em exportações para a balança comercial brasileira, conforme dados do AgroStat/Ministério da Agricultura.

 

Foto: Walter Eugenio

 

O pesquisador Maurício Lopes, presidente da Embrapa, salienta que a parceria com a BASF tem diferenciais relevantes, que têm servido de modelo para parcerias com outras instituições. O modelo de governança estabelecido, por exemplo, com um gestor em cada organização e um comitê de inovação que acompanha a execução dos projetos e avalia os impactos gerados, tem favorecido ganhos de produtividade científica desde sua implantação em 2011. "Enquanto de 1991 a 2011, tínhamos em média 4,5 contratos celebrados por ano, a partir de 2011 com a instalação do comitê gestor a média quase dobrou", destaca Vitor Hugo de Oliveira, chefe da Secretaria de Negócios da Embrapa.

 

As duas instituições aproveitam o marco dos 25 anos de parceria para avaliar os novos desafios e planejar outros projetos conjuntos. "O futuro é desafiador e não há como ser autossuficiente", destaca Maurício Lopes para ressaltar a importância de unir conjuntos de ativos de duas ou mais instituições para gerar inovações. Lopes salienta ainda que o mundo passa por uma mudança cultural quanto ao consumo de alimentos e esta transformação impacta no planejamento de agendas futuras de pesquisa.

 

Para Eduardo Leduc, vice-presidente de proteção de cultivos da BASF para a América Latina, as ações futuras entre as duas instituições devem ainda levar em conta a necessidade de fomentar um ambiente amigável para a pesquisa científica e buscar incrementar a participação maior da sociedade civil nas discussões relacionadas à agropecuária. "É preciso elevar as discussões para um patamar científico e fortalecer as avaliações de risco", comenta.

 

 

"Embrapa e BASF aproximaram-se desde 1991, quando ainda não se falava de parcerias público-privadas", lembra Leduc. Para o executivo da BASF, em 2011, com mais gestão e foco, as duas organizações passaram a ter resultados mensuráveis levando em conta a dinâmica da agricultura brasileira, que demanda soluções únicas, distintas de modelos importados. "É uma parceria consistente, resiliente e embasada em princípios sólidos com entrega de valor científico e também social", salienta.

 

Em 1991, Embrapa e BASF desenvolveram o primeiro projeto conjunto para testar o controle biológico da Euphorbia heterophylla, planta daninha de elevado grau de competitividade por nutrientes e água em relação à cultura anual. "Começamos com estudos de organismos bioativos para novos herbicidas e, desde 2011, com o acordo de cooperação científica sendo firmado, a parceria ganhou impulso com foco em geração de valor", destaca Ademar De Geroni Junior, diretor de inovação da BASF para a América Latina. 

 

Para De Geroni, por meio da parceria, as duas instituições aumentam o nível de conhecimento acumulado e incrementam a agilidade de gerar inovações. A co-criação possibilitada pelos projetos em parceria é vista como uma tendência consolidada pelos dirigentes da Embrapa e BASF. "Nenhuma empresa tem mais todos os recursos para inovar isoladamente", ressalta Leduc. A aposta no modelo de inovação aberta favorece também a modelagem de futuros possíveis, destaca Maurício Lopes, para quem ao revisitar os 25 anos de parceria, as duas empresas abrem caminho para "fazer bem a leitura do futuro e se preparar para enfrentar os novos desafios".