Brazil
December 2024
Sintomas de murchadeira em plantas de tomate no campo podem ser atribuídos a bactérias ou fungos que acabam obstruindo os vaso condutores da planta e nematoides. Nesse sentido, várias são as doenças que causam esse problema como a murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici), a murcha de Verticillium (Verticillium dahliae e Verticillium albo-atrum), a raiz-corticosa (Pyrenochaeta lycopersici), os nematoides formadores de galhas do gênero Meloidogyne, o cancro-bacteriano causado por Clavibacter michiganensis, a necrose da medula, causada por um complexo de bactérias fitopatogênicas do gênero Pseudomonas, entre outras. A identificação correta das diferentes causas é fundamental no manejo eficiente das doenças, mas são frequentemente diagnosticadas de maneira superficial e equivocada.
Atualmente, especialmente em sistemas de tomate enxertado, há a ocorrência bastante frequente de infecções mistas do Talo-oco com a Murcha-bacteriana, causadas pela bactéria Erwinia carotovora (Pectobacterium carotovorum) e pela Ralstonia solanacearum, respectivamente. Os sintomas se confundem no campo nas fases iniciais da doença, quando há uma murcha verde total da planta, sem queima das folhas. Nesta fase, é fundamental realizar o corte do talo da planta afetada na região do colo, a cerca de 3 a 5 cm do solo para uma identificação visual. Em infecções isoladas, observa-se um necrose na forma de um anel na parte interna do talo sem afetar a medula (foto 1), que é a parte central do talo, no caso da infecção por Ralstonia. No caso da Erwinia, a infecção mostra apenas a parte central do talo infectada, causando o sintoma de um talo oco, apodrecido (foto 2). Na infecção mista, os dois sintomas estão presentes no talo, atacando tanto os vasos laterais (xilemas secundários) quanto a medula (foto 3).
Foto 1: Ralstonia solanacearum
Foto 2: Erwinia carotovora.
Foto 3: Infecção mista de Erwinia Carotovora com Ralstonia Solanacearum.
Em sistemas produtivos da cultura do tomate em que a murcha-bacteriana causada por Ralstonia solanacearum é limitante, a adoção da técnica da enxertia utilizando porta-enxertos com diferentes níveis de resistência tem se mostrado eficiente dentro de um sistema de manejo integrado e quando a pressão do inóculo é baixa. Entretanto, em condições de infecção mista, quando a Erwinia carotovora está presente na área, mesmo porta-enxertos com níveis de resistência podem se tornar suscetíveis. Isso se explica porque a Erwinia é uma fitobactéria degradadora, que destrói o tecido vivo que deveria conferir resistência à Ralstonia solanacearum. O problema é grave porque a Erwinia carotovora infecta uma ampla variedade de espécies de plantas, desde ervas daninhas a espécies de valor econômico como a batata, a cebola, a melancia, a cenoura, o brócolis, o repolho, a alface, o pimentão e tantas outras.