Brazil
June 19, 2025
Uma das características positivas do trigo hoje em comparação com antigamente, resultado dos inúmeros avanços no melhoramento genético da cultura no Brasil, é a sua redução de porte. Esse fator trouxe muito mais segurança contra o acamamento. Com isso, o regulador de crescimento foi perdendo a importância que uma vez já possuiu.
Entretanto, conforme o doutor em fitopatologia, Laércio Hoffmann, eventualmente se notou ganhos de produtividade em cultivares que não possuíam problemas de acamamento.
“Através de comparações a campo e em pesquisa, se verificaram benefícios, como uma melhoria na arquitetura de plantas, com melhor aproveitamento da radiação solar, maior crescimento radicular, menor severidade de doenças e maior eficiência da colheita e semeadura da cultura seguinte, por um nível menor de palhada produzida”, comenta.
Giovani Facco, gerente de desenvolvimento de trigo da GDM, explica que, atualmente, o regulador de crescimento é utilizado em lavouras que miram alto teto produtivo. “Nesses contextos, você tem um fenótipo de planta mais alto. E com uma produtividade maior, automaticamente há mais peso na espiga. Com isso, o efeito pêndulo acaba comprometendo a base da estrutura do colmo e, por vezes, a planta acaba tombando. O regulador de crescimento serve para que a distância dos entrenós seja encurtada e, assim, haja um menor risco de acamamento”.
Momento de aplicação do regulador de crescimento no trigo

Segundo Facco, o regulador deve ser aplicado no primeiro nó visível e segundo nó perceptível, que é o momento final de perfilhamento e início da elongação.
É neste momento que você tem que “travar” a planta, para que seu colmo não cresça excessivamente. Visando que isso aconteça, é preciso aplicar o produto de cinco a sete dias antes dessa fase, para que no momento que ela chegar, esse hormônio já possa estar atuando e cumprindo sua função.
Para Hoffmann, algumas dicas são importantes de serem consideradas pelo produtor, junto à assistência técnica. “Quanto à dose do produto, geralmente em cultivares resistentes ao acamamento, tem se optado por doses menores no perfilhamento, com o objetivo maior de mudar a arquitetura”, menciona.
Outra recomendação em relação à dosagem é para níveis altos de fertilidade do solo. Conforme o especialista, quanto maior a matéria orgânica ali presente, maiores devem ser as doses.
Áreas com alto nível de adubação nitrogenada também devem, idealmente, contar com doses maiores da ferramenta. Já em condições de stress hídrico, recomenda-se diminuir ou, até mesmo, descartar o uso do regulador.
“Desde de que se faça um bom investimento em termos de fertilidade, controle de pragas, doenças e invasoras, o uso do regulador de crescimento traz mais um passo na busca por uma alta produtividade”, destaca Hoffmann.
A importância do trigo para o sistema produtivo
Manter a terra produtiva o ano todo é essencial. No inverno, o trigo continua sendo a principal alternativa nos estados do Sul e uma opção crescente em outras regiões.
Manejos à parte, é de suma importância para o agricultor utilizar a propriedade durante o ano inteiro. No contexto da safra de inverno, o trigo segue sendo a principal opção de cultura no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e partes do Paraná, e uma das principais no Brasil como um todo.
No fim das contas, a propriedade precisa ser rentável. E culturas de inverno, como o trigo, aproximam o agricultor desse objetivo, conforme Piasecki.
A fábrica do produtor é a terra. Se o produtor deixa a área dele em pousio no inverno, a fábrica fica parada, sem produzir riqueza para a propriedade. Além disso, ela fica à mercê de atividades da natureza, como erosão, ocorrência de plantas daninhas e lixiviação de nutrientes. Entendemos os riscos que a atividade tem, mas já existem inúmeros resultados, de diversos anos, que indicam que cultivar trigo é, sim, viável.
Com planejamento e manejo bem-executado, o trigo gera retorno direto e prepara o terreno para a cultura seguinte — tornando a propriedade mais resiliente, eficiente e lucrativa.