Brazil
November 1, 2024
A Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES) homenageou recentemente dois pesquisadores por suas contribuições à ciência e tecnologia de sementes durante o XXII Congresso Brasileiro de Sementes, realizado no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu. Os doutores Ademir Henning, pesquisador da Embrapa Soja, e a professora da Esalq/USP, Maria Heloísa Duarte de Moraes, receberam homenagens que reconhecem o papel fundamental de ambos no avanço da tecnologia de sementes.
Henning atuou por 48 anos na Embrapa Soja, onde se aposentou recentemente, mas sua trajetória brilhante na área de sementes começou bem antes, passando por várias instituições de pesquisa no Brasil e no exterior, onde também fez seu doutorado. Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Paraná em dezembro de 1973, iniciou sua carreira no Ministério da Agricultura em março de 1974, participando no Agiplan, um programa de sementes financiado pela USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional). Em 1975, após ser aprovado em concurso do Ministério, foi alocado em Curitiba, no Grupo Executivo de Produção Vegetal (GPV), como Fiscal de Sementes. No mesmo ano, foi selecionado para realizar um mestrado em sementes e fitopatologia no Mississippi, concluído em 1977.
Ao retornar ao Brasil, Henning foi nomeado pela Embrapa para a UEPAE de Campos, que depois se tornou a Pesagro Rio. Durante um ano, estruturou laboratórios de fitopatologia, sementes e entomologia. Contudo, devido à demora na chegada de equipamentos, pediu demissão e foi chamado para Brasília, onde trabalhou no Serviço de Sementes Básicas (SB), hoje extinto.
Em julho de 1979, com a saída de Jorge Yamashita, da Embrapa Soja, surgiu uma vaga na Patologia de Sementes em Londrina, permitindo que Henning realizasse o sonho de trabalhar em sua terra natal, o Paraná. Desde então, acumulou 48 anos de experiência na Embrapa, além de dois anos no Ministério da Agricultura.
Em 1982, Henning especializou-se em patologia de sementes no Instituto Dinamarquês de Patologia de Sementes, onde foi o melhor aluno do curso. De volta ao Brasil, contínuo seu trabalho com o tratamento de sementes, obteve a primeira recomendação oficial em 1981, durante uma reunião em Foz do Iguaçu. Esta prática se tornou extremamente aplicada no Brasil, especialmente para a soja. “O tratamento de sementes foi o ponto alto da minha carreira, pois é a tecnologia mais utilizada na soja no Brasil”, destacou.
Em 1986, Henning iniciou seu doutorado em Iowa, mas, devido a dificuldades na pesquisa, transferiu-se para a Flórida, onde concluiu o curso em 1990, sendo homenageado com o prêmio Fred G. Hull como melhor estudante de pós-graduação. De volta ao Brasil, continuou atuando no Centro de Soja e, desde a década de 1980, foi membro da Comissão de Sementes e Mudas do Paraná (CSM), onde ocupou cargos de liderança como presidente e vice-presidente e coordenou a Subcomissão de Sementes de Soja por oito anos.
Em 1999, assumiu a presidência da ABRATES, sendo reeleito em Curitiba em 2001 e permanecendo no cargo até 2003. Ademir Henning foi condecorado duas vezes como “Bicho do Paraná” e, em 2018, recebeu o título de “Personagem Soja Brasil”. Em 2023, foi homenageado no Congresso Mundial de Soja em Viena, Áustria, com o prêmio “Lifetime Achievement” pelo conjunto de sua obra. Nesse mesmo ano, recebi homenagens da Prefeitura de Rio Negro e do Rotary Club. “Agora, com essa premiação dos colegas da ABRATES, me sinto muito lisonjeado pelo reconhecimento desses quase 49 anos de dedicação a ciência das sementes. Fiquei muito feliz e só tenho a agradecer”, afirmou.
Outra homenageada, a professora e pesquisadora Maria Heloísa Duarte de Moraes, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), recebeu o reconhecimento da ABRATES por sua dedicação ao ensino, pesquisa e extensão universitária na área de Ciência e Tecnologia de Sementes, com ênfase em patologia de sementes.
Heloísa é formada em Engenharia Agronômica pela ESALQ/USP, onde fez mestrado e doutorado e atuou como professora. “Fiquei muito feliz e emocionada por ser homenageada pelos colegas e amigos do Comitê de Patologia de Sementes da ABRATES. É muito importante termos nosso trabalho reconhecido depois que nos retiramos”, disse ela.
O presidente da ABRATES, Fernando Henning, ressalta que os dois homenageados encerram um ciclo de grande contribuição para o setor de sementes no Brasil. “Reconhecemos a trajetória do pesquisador Ademir Henning, cuja atuação na Embrapa deixou um legado marcante para a ciência e a tecnologia de sementes. Além disso, sua dedicação dentro da própria ABRATES representa um capítulo importante na história da associação”, afirmou Fernando.
“A Professora Heloísa, referência na USP-Esalq, também não poderia deixar de ser homenageada por sua importante atuação em patologia e pela formação de inúmeros talentos que continuarão a fortalecer a pesquisa e a tecnologia de sementes. Suas contribuições são verdadeiros marcos para a ciência no Brasil”, acrescentou. “Para nós da ABRATES, foi um momento especial fazer essa justa e merecida homenagem no Congresso Brasileiro de Sementes, principal evento do nosso calendário”, sublinhou.