Brazil
June 27, 2012
Beterraba branca é uma das plantas mais cultivadas na Europa. Açúcar e etanol usado como combustível são fabricados com ela.
O norte da França é o principal polo de produção de beterraba branca da Europa. Entre planícies e colinas, fazendas e vilarejos charmosos, a cultura se espalha por quase 400 mil hectares do país.
A raiz tem aparência diferente da beterraba roxa que conhecemos no Brasil. Mais pesada, essa variedade não serve para consumo humano e é bem mais doce.
É com essa polpa clara que os países da Europa fabricam açúcar e também um etanol usado como combustível, produtos que no Brasil são retirados da cana. A cadeia econômica é poderosa.
A beterraba açucareira precisa ser semeada todos os anos, atividade, que ocorre no começo da primavera da Europa, entre março e abril.
A necessidade de replantar todas as lavouras, todos os anos, estimulou o surgimento de empresas altamente especializadas em pesquisa e produção de sementes de beterraba.
Atualmente, três delas vendem a grande maioria das variedades utilizadas comercialmente no mundo, um mercado que movimenta por ano algo perto R$ 1,4 bilhão.
No município de Capelle-en-Pévèle, perto da fronteira com a Bélgica, fica a sede da maior empresa de produção de sementes de beterraba da França, uma das maiores do mundo.Um dos proprietários, Bruno Desprez, é agrônomo, apaixonado pela planta e conta que a empresa foi fundada pelo avô do bisavô dele, em 1830.
“Os agricultores daquela época produziam as suas próprias sementes de beterraba. O problema é que essa atividade dava trabalho e consumia boa parte da área produtiva dos sítios. A sacada dos meus antepassados foi enxergar aí uma oportunidade de negócio. Eles perceberam que poderiam produzir sementes e, depois, vendê-las a outros agricultores”, explica.
Hoje em dia, a empresa tem atividades em 16 países, conta com 750 funcionários e, além de produzir sementes, se tornou uma das líderes mundiais no desenvolvimento de novas variedades de beterraba açucareira.
Multiplicação de sementes
Para saber se a semente vai mesmo gerar uma planta com as características esperadas é preciso semear o produto em campos de teste. Fora do campo, as novas beterrabas também passam por vários outros testes. Os cientistas avaliam a resistência a doenças, o teor de açúcar, características químicas e até o formato das raízes. Depois de aprovada em todos os testes da empresa, a nova variedade já pode ser lançada comercialmente. É quando começa a multiplicação.
Com um ano e meio de vida, as beterrabeiras já formaram muitos daqueles ramos compridos, que parecem uma cabeleira verde. Cada ramo vai gerar, centenas de flores e centenas de sementes.
Antes da venda para os agricultores, as sementinhas são banhadas em um produto de cor azul, que contém inseticidas e fungicidas que evitam o ataque de fungos e insetos.
O agricultor Denis Lequeux explica que as novas variedades assumiram um papel central para o bom desempenho das lavouras. “Elas são muito importantes e sem elas a nossa produtividade cairia muito. Com as novas variedades nós conseguimos superar doenças graves como a rizotoniose. Hoje a doença deixou de ser um problema”, explica.
Bruno Desprez vai ainda mais longe. Segundo ele, as novas variedades de beterraba têm garantido, sozinhas, um ganho de produtividade para as lavouras na ordem 1,5% ao ano.
Fonte: Globo Rural